"Ex libris" significa "dos livros de", é também uma vinheta que se cola nos livros com o nome do proprietário. O BITS, Grupo de Pesquisa Informação, Cultura e Práticas Sociais, é a vinheta sob a qual discutimos interesses diversos ligados às Ciências Humanas e realizamos nossas leituras sobre o mundo atual. Reforçamos aqui este caráter de buscador de conhecimentos, de reflexões sobre o mundo e a vida nessa sociedade digital.

segunda-feira, março 08, 2010

Em comemoração ao 8 de março

Livros sobre a história da mulher. Clique no nome do post e vá direto para  a página.

Mídia e política no Brasil

ABREU, Alzira A. de Abreu; LATTMAN-WELTMAN, Fernando e KORNIS, Mônica A. Mídia e política no Brasil. Jornalismo e ficção. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003. 184p.

Jornalistas e jornalismo econômico na transição democrática

A autora trata a mídia como um ator privilegiado do sistema político, destacando que essa visão ainda é rara nas ciências sociais. “Embora a participação da mídia em todos os acontecimentos políticos, econômicos, sociais e culturais seja incontestável, parece evidente a dificuldade de integrá-la nas análises do sistema de poder e nos estudos de práticas profissionais” (p.13). Afirma que, uma vez que as ciências sociais foram constituídas principalmente no século XIX, a base de suas teorias para explicação da sociedade privilegia parcamente os meios de comunicação.
Weber afirma a necessidade de uma sociologia da imprensa, na qual haja um interesse sobre todo o processo do fazer notícia. “É preciso se perguntar sobre a origem e a formação do jornalista moderno, e o que se espera dele” (p.14). Já afirmava sobre o papel relativo do jornalista de acordo com o partido ou a natureza do jornal, ou seja, questionava a noção de neutralidade e imparcialidade sobre a qual uma parte considerável da imprensa tenta construir sua imagem.
Objeto da pesquisa de Abreu é “analisar o perfil e a trajetória de vida dos jornalistas brasileiros em atividade nos jornais do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasíliam e entender a transição política brasileira a partir do papel desempenhado pela imprensa escrita nesse processo”. Abreu reconheceu no jornalismo econômico o vetor das mudanças que ocorreram na imprensa no regime militar e que, posteriormente, transformaram o perfil dos jornalistas e sua forma de construir a informação (p.14). Este perfil foi conformado pelas transformações do Brasil nos últimos 30 anos do século XX e que começou sua carreira em plena ditadura militar, quando não havia liberdade de expressão e a imprensa estava sob os olhos da censura dos órgãos de segurança.

Weber e a Teodicéia

WEBER, Max. Economia e sociedade. Fundamentos da sociologia compreensiva. Brasília (DF), Editora Universidade de Brasília, 1991. Vol.1, pp.279-418.

SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO

8. O problema da teodicéia (pp.350-355)

“Mas quanto mais próxima a concepção de um deus único, universal e supramundano, tanto mais facilmente surge o problema de como o poder aumentado ao infinito de semelhante deus pode ser compatível com o fato da imperfeição do mundo que ele criou e governa” (351).
Segundo Weber, a questão de uma ordem impessoal e supradivina, possuidora de sentido, esbarra com a injustiça e a imperfeição da ordem social. O problema da teodicéia está intimamente relacionado com a formação da concepção de deus e com as idéias de pecado e salvação.

sexta-feira, março 05, 2010

Dominação masculina revisitada por Bourdieu e Crítica ao texto feita por Mariza Corrêa

Bourdieu
Inicia procurando mostrar que “as mulheres, que foram constituídas como seres dotadas de gênero pelo mundo social, podem contribuir para sua própria dominação” (14).
Questões metodológicas...
Ele afirma que descrever as estruturas objetivas do universo social dos cabilas é ao mesmo tempo descrever as estruturas mentais do observador (homem da tradição cultural neomediterrânea).
Ao estudar mais de perto as práticas rituais e míticas dos cabilas, pode-se descobrir um “sistema de princípios de visão e divisão comum à civilização mediterrânea inteira, sistema que sobrevive até hoje em nossas estruturas mentais” (15).
Desse modo, ele procura explicar como as disposições “falonarcísicas”, claramente verificáveis no caso cabila, haviam sido inscritas nos “corpos dos homens e das mulheres das sociedades ocidentais contemporâneas”.
Sua posição de observador é a de alguém que está montando um quebra-cabeças, usando pistas deixadas pelas pessoas que o construíram. Ele se diz informado pela visão cabila (16).

Interpretação e Ideologias

RICOEUR, Paul. Interpretação e Ideologias. 4. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1990.

Ricoeur parte de uma análise rigorosa da vontade humana, procurando atingir uma teoria da interpretação do ser.
Método reflexivo que rompe com o idealismo. Procura esclarecer a existência mediante conceitos – elucidar seu sentido (hermenêutica).
FENOMENOLOGIA – compreender o que descreve para elucidar o sentido [1].
Para atingir o essencial da questão da vontade, Ricoeur coloca entre parênteses os temas religiosos da falta de da transcendência.
Suspende o juízo do pecado original para se permitir o estudo sem preconceitos da falibilidade empírica da vontade humana.
A vontade precisa ser estudada em si mesma e seus componentes essenciais são o projeto, a execução e o consentimento. Faz uma correlação entre o voluntário e o involuntário, pois querer é justamente projetar um mundo, apesar ou contra os obstáculos. É também projetar uma intenção que através do consentimento, converte-se em necessidade sofrida e retomada pelo consentimento.
Em Finitude e Culpabilidade ele não discute mais o problema da realidade do mal, mas o problema de sua possibilidade (falibilidade). A finitude não basta para explicar o mal, mas procura saber que finitude possibilita a inserção do mal na realidade humana. O pathos da miséria é o ponto de partida de uma Filosofia do homem. O homem possui uma intermediaridade, ou seja, opera mediações entre contrários ou correlativos. A fonte da falibilidade consiste em certa “não-coincidência do homem consigo mesmo” – comporta, portanto, uma negatividade.
A filosofia seria então refletir sobre esse caráter patético da miséria, que se revela nos níveis do conhecer, do agir e do sentir [2].