"Ex libris" significa "dos livros de", é também uma vinheta que se cola nos livros com o nome do proprietário. O BITS, Grupo de Pesquisa Informação, Cultura e Práticas Sociais, é a vinheta sob a qual discutimos interesses diversos ligados às Ciências Humanas e realizamos nossas leituras sobre o mundo atual. Reforçamos aqui este caráter de buscador de conhecimentos, de reflexões sobre o mundo e a vida nessa sociedade digital.

terça-feira, julho 27, 2010

Introdução ao modelo de mapas mentais

Introdução ao modelo de Mapas Mentais
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Mapas mentais e GTD

O que é um ensaio

Ensaios, numa perspectiva ampla, caracterizam-se como exercícios básicos de composição. Podemos divisar duas espécies de ensaio: o informal e o formal. No ensaio informal, é admissível a criação e a emoção, que caracterizam a produção literária. No ensaio formal, há preocupação com as características do texto acadêmico e científico (objetividade e logicidade, sem polêmica ou ênfase, por exemplo). O ensaio formal, escrito em primeira pessoa, deve ser breve e sereno, problematizador e antidogmático, com espírito crítico e originalidade.

Do ponto de vista científico, o ensaio, segundo Rauen (1999, p. 137), é uma “exposição metódica dos estudos realizados e das conclusões originais obtidas após o exame de um assunto”. Para um cientista, o ensaio é um meio de transmitir informações e idéias, com maior liberdade, no sentido de defender determinada posição sem que tenha que se apoiar no rigoroso e objetivo aparato de documentação empírica e bibliográfica. De fato, o ensaio não dispensa o rigor lógico e a coerência de argumentação e por isso mesmo exige grande informação cultural e muita maturidade intelectual.

segunda-feira, julho 26, 2010

Revista Cult » Freud e a teoria social

Revista Cult » Freud e a teoria social

Freud e a teoria social

O patológico fornece a visibilidade do que está em jogo nas condutas sociais gerais
Publicado em 22 de junho de 2010

Sofrimento: os sujeitos devem estabelecer um compromisso entre suas exigências de satisfação e o que é socialmente permitido
Vladimir Safatle
Freud é um autor fundamental no esforço de constituir um campo de reflexão sobre a modernidade. O recurso a ele foi uma constante em várias correntes de pensamento do século 20 e a razão para tal constância era evidente: longe de se colocar apenas como uma clínica do sofrimento psíquico, a psicanálise freudiana procurou, desde seu início, ser reconhecida também como teoria das produções culturais para desvendar a maneira com que sujeitos mobilizam sistemas de crenças, afetos, desejos e interesses para legitimar modos de integração a vínculos sociopolíticos. Freud afirmava que “mesmo a sociologia, que trata do comportamento dos homens em sociedade, não pode ser nada mais que psicologia aplicada. Em última instância, só há duas ciências, a psicologia, pura e aplicada, e a ciência da natureza”.

Revista Cult » Movimentos sociais na Era Lula

Movimentos sociais na Era Lula

Hegemonia às avessas, pequena política ou revolução passiva à brasileira?
Publicado em 08 de julho de 2010

Lula é carregado por trabalhadores durante assembleia realizada em São Bernardo do Campo, 1979
Ruy Braga
Quando da vitória petista sobre Alckmin, o sociólogo Francisco de Oliveira alertou para os efeitos politicamente regressivos da hegemonia “lulista”: ao absorver “transformisticamente” as forças sociais antagônicas no aparato de Estado, desmobilizando as classes subalternas e os movimentos sociais, o governo Lula teria esvaziado todo o conteúdo crítico presente na longa “era da invenção” dos anos 1970-1980, tornando a política partidária praticamente irrelevante para a transformação social (revista Piauí, jan. 2007). “Transformismo” foi o nome dado pelo pensador Antonio Gramsci (1891-1937) ao processo de absorção, pela classe dominante, de elementos ativos ou grupos inteiros, vindos tanto da base aliada como da adversária.
A medida da desmobilização praticada por Lula poderia ser apreendida pelo escasso interesse depositado pelos eleitores no pleito presidencial de 2006. O efeito social regressivo consistiria exatamente nisto: sob Lula, a política afastou-se dos embates hegemônicos travados pelas classes sociais antagônicas, refugiando-se na sonolenta e desinteressante rotina dos gabinetes, ainda que frequentados habitualmente por escândalos de corrupção.
A partir daí, Francisco de Oliveira adiantou sua conjectura: no momento em que a “direção intelectual e moral” da sociedade brasileira parecia deslocar-se rumo às classes subalternas, tendo no comando do aparato de Estado a burocracia sindical oriunda do “novo sindicalismo”, a ordem burguesa mostrava-se mais robusta do que nunca. A esse curioso fenômeno em que parte “dos de baixo” dirige o Estado por intermédio do programa “dos de cima”, Oliveira chamou “hegemonia às avessas”: vitórias políticas, intelectuais e morais “dos de baixo” fortalecem “dialeticamente” as relações sociais de exploração em benefício “dos de cima”.
No Brasil, décadas de luta contra a desigualdade e por uma sociedade alternativa à capitalista desaguaram na incontestável vitória lulista de 2002. Quase imediatamente o governo Lula racionalizou, unificou e ampliou o programa de distribuição de renda conhecido como Bolsa Família, transformando a luta social contra a miséria e a desigualdade em um problema de gestão das políticas públicas. Oliveira dirá que Lula instrumentalizou a pobreza ao transformá-la em uma questão administrativa. O programa Bolsa Família garantiu a maciça adesão dos setores mais depauperados das classes subalternas brasileiras ao projeto do governo.

sexta-feira, julho 23, 2010

Trabalho de Conclusão de Curso

Argumentos

Essa dica procura definir o que é um argumento e explicar porque precisamos deles em nossos ensaios acadêmicos.

Argumentos estão em todo lugar

Você talvez se surpreenda ao ouvir que a palavra "argumento" não têm que estar escrita em lugar algum em seu ensaio, paper ou artigo para ser um parte importante de sua tarefa. Na verdade, criar um argumento  — expressando um ponto de vista sobre um assunto e apoiando-o em evidências — é sempre o objetivo da escrita acadêmica. Seus professores podem assumir que você sabe disso e assim podem não explicar a importância dos argumentos para você na sala de aula. Nevertheless, if your writing assignment asks you to respond to readings and class discussion, your instructor likely expects you to produce an argument in your paper.
A maioria do material que você estuda na faculdade é ou foi debatido por alguém, em algum lugar, em algum momento. Mesmo quando o material que você lê ou ouve é apresentado como simples "fato," pode ser apenas a interpretação de uma pessoa de um conjunto de informações. Em seus escritos, os professores podem solicitá-lo a questionar esta interpretação e defendê-la, refutá-la ou oferecer um ponto de vista alternativo. Nos trabalhos escritos, você quase sempre necessitará fazer mais do que apenas apresentar informações que reuniu ou regurgitar fatos que foram discutidos em sala de aula. Você precisará selecionar um ponto de vista e fornecer evidências (em outras palavras, usar "argumentos") para formar o material e oferecer sua interpretação do material.
Se você pensa que "fato," não argumento, comanda o pensamento inteligente, considere estes exemplos. Em algum ponto, as grandes mentes da Europa Ocidental acreditavam firmemente que a terra era plana. Eles assumiam que este era um fato simplesmente irrefutável. Você é capaz de discordar agora porque as pessoas que confundiram argumento com culpa tentaram estabelecer um melhor argumento e provar o contrário. Diferenças de opinião é a maneira pela qual o conhecimento humano se desenvolve e acadêmicos, assim como seus professores gastam suas vidas engajados em debates sobre o que pode ser entendido como "verdade", "real" ou "certo" em seus campos, eles querem que você se envolva em tipos similares de pensamento crítico.
Argumentação não é apenas o que seus professores fazem. Todos nós usamos a argumentação na nossa vida cotidiana, e você provavelmente já tem alguma habilidade de elaborar um argumento. Quanto mais você melhora suas habilidades nesta área, melhor você será em pensar de forma crítica, arrazoar, fazer escolhas e pesar evidência.

Leitura Metodológica

Uma leitura metodológica ou crítica é uma apreensão do método utilizado por cada autor para a elaboração de um trabalho.

Para isso devemos levar em conta:

1. Informações sobre o autor do texto e sua linha teórica. Situar o autor dentro do referencial teórico da antropologia, da sociologia ou da ciência política e, se for o caso, se um texto é jornalístico, com entrevistas ou um diário de campo, de uma viagem etc.

2. Explicitação da estrutura dos capítulos do livro ou do texto. No caso de um texto, há uma introdução, as argumentações do desenvolvimento e uma conclusão final. É essa estrutura que deve ser explicitada e mostrada.

3. Explicitação também dos objetivos da pesquisa. Qual a pergunta que o autor queria responder (o problema) com a investigação? Ele chega a alguma conclusão, a uma resposta?

4. O autor se utiliza de que conceitos e noções? Separar, nos textos, quais são as principais noções e conceitos utilizados pelos autores. Conceitos são mecanismos mentais que permitem conhecer tanto a natureza externa e também a realidade social. Eles são utilizados como ferramentas mentais que tornam possível o conhecimento por parte do intelecto, bem como a operacionalização da ciência (Tirei isso daqui Mundo dos Filósofos).

Por exemplo, quando Durkheim definiu o que era fato social, a primeira coisa que disse é que eles deveriam ser rigorosamente descritos, para deixar claro do que se está falando, daí o seu estudo sobre o suicídio, definindo-o, classificando-o etc. São passíveis de serem conceituados também, crime, máfia, exército, bruxaria, a amante, magia etc. Todos os textos vão trabalhar com um fenômeno social através de uma abordagem singular. É isso que deve ser percebido e demonstrado na apresentação.

5. Observação de como o autor afirmou ter realizado a coleta de dados, como ele chegou junto ao seu objeto e informantes de campo e como ele trabalhou para conseguir os dados. Que tipo de dados conseguiu em cada um dos trabalhos? Eram de natureza quantitativa ou qualitativa? Conseguiu através de que instrumento: história de vida, observação participante, entrevistas informais, entrevistas estruturadas, documentação em algum órgão público ou entidade etc.

Todas essas considerações devem ser levadas em conta em uma leitura metodológica, para nosso amadurecimento como pesquisadores e também para aprender com a experiência dos outros.