• França – burgueses assumiram costumes e tradições aristocráticos.
• Burguesia francesa e classes médias foram absorvidas pelo círculo da corte.
• Alemãs de classe média identificaram os costumes corteses franceses como o próprio caráter nacional francês e julgaram esse comportamento como de segunda classe e incompatível com sua própria “estrutura afetiva”. (p.52)
• Paradoxo político – França, funcionalismo público era ocupado pelos burgueses, isso ajudou a quebrar a força da nobreza neste país. Na Alemanha eram ocupados por aristocratas. Aqui, a burguesia não tinha um poder econômico tão forte quanto na França e havia uma maior separação entre classe média e aristocracia de corte. (p.53)
• Conceito francês de Civilisation – opiniões cultas a respeito do que seria civilização “suavização de maneiras, urbanidade, polidez e difusão do conhecimento de tal modo que inclua o decoro no lugar de leis detalhadas” [semelhança com o que se dizia na Alemanha com os costumes da corte]. Vinculação do homem civilizado ao homem da corte. (p.54)
• “Polidez” e “civilidade” teriam praticamente a mesma função da noção de civilização: “expressar a auto imagem da classe alta européia em comparação com outros, que seus membros consideravam mais simples ou mais primitivos, e ao mesmo tempo caracterizar o tipo específico de comportamento através do qual essa classe se sentia diferente de todos aqueles que julgava mais simples e mais primitivos.” (p.54).
• A crítica dos fisiocratas, porém, da noção francesa de civilização e moderada, não tendo tanta ressonância na ordem dominante dos valores e permanece dentro do contexto do sistema social vigente – é a crítica de um reformador. Os intelectuais da corte francesa desejam melhorar, modificar, adaptar. (p.55)
• Elias demonstra como a revolução da burguesia partiu de conflitos internos à administração do estado francês e os fisiocratas são a manifestação teórica dessas lutas internas, que não se limita à economia, mas também a uma reforma no âmbito político e social.
• Essas reformas dividiam os burgueses. Alguns não eram a favor delas pois dependiam economicamente da preservação do antigo regime (proprietários hereditários, corporações de ofícios, financistas etc.). (p.58)
• Essas diferenças entre França e Alemanha se devem principalmente a que a classe média francesa já representava uma força política, cujos problemas sociais, econômicos e administrativos estavam na esfera de interesses dos intelectuais. Enquanto que a alemã ainda permanece na esfera das idéias, em discussões acadêmicas.
• Fisiocratas e idéias reformistas – vida econômica da sociedade é um processo mais ou menos autônomo; as leis naturais regiam também a vida em sociedade em harmonia com a razão. Defendiam o livre comércio, um mercado auto-regulado, porém era necessário que esses processo de auto-regulamentação do mercado fossem compreendidos e orientados por uma burocracia esclarecida.
• Essas idéias de reforma do estado, de que não se poderia lançar leis arbitrárias e a necessidade da compreensão da dinâmica social, para que a desordem não se instalasse, influenciou o conceito de civilização dando a ele uma dimensão que transcende o indivíduo.
• Pela primeira vez se pensa no homem como parte integrante de um processo social, que é preciso ser compreendido. (p.59)
• O ponto de vista fundamental dos fisiocratas: “a concepção de economia, população e, finalmente, costumes como um todo inter-relacionado, desenvolvendo-se ciclicamente; e a tendência política reformista que dirige finalmente este conhecimento aos governantes, a fim de capacitá-los, pela compreensão das leis, a orientar os processos sociais de uma maneira mais esclarecida e racional do que até então”. (p.60).
• Ao mesmo tempo, essa idéia de ciclos já traz em si a idéia de crises e declínio. Além disso, o desejo de reforma não traz uma crítica dos costumes e não se coloca nada de novo em seu lugar. Pelo contrário, parte da ordem existente, querendo apenas melhorá-la, transformando a má civilização em boa. (p.61)
• A boa sociedade será formada através do “aprimoramento das instituições, da educação e da lei será realizado pelo aumento dos conhecimentos”. Esse refinamento que gerará o progresso, no entanto, será obtido pela ilustração dos reis e governantes e pela nomeação de homens esclarecidos para os principais cargos.
• O conceito de civilização também passa a ser utilizado em oposição ao de barbárie. A civilização era vista como um processo que deveria prosseguir, eliminando tudo o que fosse irracional do estado, da constituição, da educação e, principalmente, da população. Tudo que impedisse o progresso, o desenvolvimento comercial. Esse processo também deveria ser acompanhado pelo refinamento das maneiras e pela pacificação interna dos países (p.62)
• Nota-se assim que a classe média na França já havia absorvido a tradição aristocrática de corte e seus comportamentos e emoções são modelados, com algumas modificações, de acordo com essa tradição.
• “A burguesia francesa […] permaneceu estreitamente vinculada à tradição de corte em seu comportamento e no controle de suas emoções, mesmo depois de demolido o edifício do velho regime. Isto porque, graças ao estreito contato entre círculos aristocráticos e de classe média, grande parte das maneiras cortesãs muito tempo antes da revolução haviam sido também aceitas pela classe média. Pode-se depreender, então, que a revolução burguesa na França, embora destruindo a velha estrutura política, não subverteu a unidade dos costumes”. (p.63)
• O conceito de civilisation é de início um instrumento dos círculos das classes médias no conflito social interno. Depois, com a ascenção da burguesia, veio também a sintetizar a nação, expressando uma auto-imagem nacional. (p.64)
• Posteriormente à formação do conceito, as nações consideraram o processo de civilização como pronto em suas sociedades e passaram a ser transmissoras de uma civilização existente já acabada e como justificativa do domínio sobre colônias e nações subdesenvolvidas.
Menina, tu já publicasses isso tudo?
ResponderExcluirEu quero ler, menina!
Mas esse monte fica até difícil! Rsrs
Menina, eu não publiquei. Estes são fichamentos. As publicações, como diz Lerisson, é preciso "desovar", botar pra fora. Mas com esse negócio de ter Qualis, eu fico meio paralizada.
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